sábado, 27 de fevereiro de 2016

Tempestade de verão

   Estou sentada na cama. Apenas o abajur, do outro lado do quarto, está ligado. O ventilador, desligado, e as janelas, abertas, mas nenhum vento entra. As noites de Fevereiro têm sido quentes, mesmo que o verão esteja quase acabando. Uma moleza me impede de estender o braço e ligar o ventilador de teto. O cheiro de terra molhada invade o quarto.
   Enquanto colo fotos e escrevo frases, escuto o barulho de trovoadas e chuva. Ah, o som das lindas e perigosas tempestades de verão! Quase levanto para preparar chocolate quente. Mas, então uma lembrança volta.
Faltavam algumas semanas para as férias acabarem. Nós estávamos voltando da praia, a pé, e começou a chover. Ao invés de corrermos, você me puxou e começamos a dançar na calçada cheia de poças. Éramos só nós dois e um mundo cheio de possibilidades.
   Começou a trovejar, então fomos para um lugar coberto. Você lembra?
   -Me prometa uma coisa. -Você disse olhando nos meus olhos. -Me prometa que isso vai durar muitos outros verões.
   -Eu prometo. -Disse sorrindo.
   Bom, pessoas mentem e promessas também são feitas para serem quebradas. O verão sempre acaba. A tempestade sempre passa.
Assim como o resto daquele verão, a tempestade passou, junto à vontade de tomar chocolate quente. Voltei a colar e escrever. Você voltou para o passado. Meus verões continuaram vindo e indo.

 

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