Narrador: E voltamos com "De papo com Barbie".
Barbie: Olá. Bem vindo de volta você que já nos assistia e boa noite para você que começa a nos assistir da sua telinha agora. Após o estranho caso do Monstro do Lago Ness com hidrofobia, teremos o nosso quadro Celebridade sem Dó!
(Vinheta do quadro com seis notas musicais diferentes)
Barbie: Hoje contaremos com a presença do mais novo famoso do verão, o assassino de aluguel mais rico do Brasil, Bola de Fogo!!!
(Aplausos da plateia)
Bola: Há! Obrigado, Barbie, obrigado, gente. É prazer enorme estar aqui e poder contar um pouco sobre como eu cheguei até o patamar sangrento onde hoje piso.
Barbie: O prazer é todo nosso. É uma honra poder estar de papo com o, como dizem, homem mais perigoso e sensual do verão. Por que não começamos dizendo como você conquistou seu título?
Bola: Uma ótima ideia. Veja bem, o mais perigoso é fácil. Você carrega a pistola, espera os cinquenta graus baterem no relógio, vai pra praia, pega uma cor, avista o alvo e parte pro ataque.
Barbie: E a fama de sensual?
Bola: O quê? Essa era a fama de sensual, os dons do tiro já nasceram comigo, por isso disse que era fácil.
(Risadas vêm do auditório. A apresentadora se junta ao coro com sua melhor gargalhada falsa).
Barbie: Você realmente é uma figura. E quem diria, hein? Vindo de uma cidade no interior do Acre, cruzou um continente por todo meio de transporte que encontrou para treinar luta, tiro e mais diversas habilidades com um tal de Mestre Norris. Como foi isso pra você?
Bola: Se teve uma coisa que a vida me ensinou foi que você sempre deve estar preparado, entende? (A apresentadora concorda com a cabeça fingindo mostrar interesse no diálogo). Então, eu fui buscar meu preparo, e com esse pensamento eu cheguei no Alasca. Lá eu aprendi coisas como: "Com a arma embaixo do travesseiro dormem aqueles que preparados para a morte estão, com a arma em cima do travesseiro dormem aqueles que preparados para a vida estão, porém"
Barbie: Esse jeito de falar... ?
Bola: Sim, é de um baixinho muito sábio famoso por toda a galáxia pelo que dizem, ele também dava aulas no Alasca.
Barbie: O Mestre Y...
Bola: Gugu, o mestre Guguzinho, grande sábio. Mas minha real inspiração era o Tio Chuck. Uma abelha uma vez picou ele, mas ele era tão forte e poderoso que ela morreu logo depois só por ter ousado encostar nele.
Barbie: Aham.... sei. Mudemos de assunto! Que tal falarmos do seu recém adquirido sucesso aqui no Brasil.
Bola: Ah! Claro. Depois de abater alguns alvos pequenos por aqui eu resolvi apostar, o que não é de meu feitio e eliminar grandes inimigos da sociedade, veja bem, sou alguém de valores.
Barbie: Claro que é, mas eu achei que como um assassino de aluguel você abatesse quem o seu contratante quisesse.
Bola: Aí é que está o segredo, escolher alvos que as pessoas queiram abater e ir direto ao melhor contratante. Pronto, alvo na mira, trabalho feito.
Barbie: E você conseguiu cumprir todas as suas... "missões"?
Bola: Não, todos sempre erram. Eu vi alvos que pareceram impossíveis de eliminar, alvos que quase me tornaram a presa. Gordura localizada, picles no sanduíche, atendentes de má vontade no turno da noite e disputas em redes sociais, impossíveis de exterminar. Ainda assim, um dia alguém me disse, "que a força esteja com você", e eu respondi, "às vezes é só questão de jeito", e cá estamos, não é mesmo?
Barbie: Com certeza. Além de bom de tiro e sedutor também podemos dizer que você é um grande pensador contemporâneo.
Bola: A gente faz o que pode. Eu, por exemplo, fiz o que pude e tá aí, Wesley Safadão.
Barbie: Mas você não matou o Wesley.
Bola: Não, eu matei o Lukita da Galera, com o Wesley foi hit. Na praia da barra, o calor tava de matar...
Barbie: Você atirou nele? Você enterrou ele na areia? Você acertou ele, "hit". Acertou ele com o quê?
Bola: Acertar? Eu lancei um novo hit da música com ele, quem você acha que cruzou o Estreito de Bering e a Ásia para chegar na Europa e buscar o Cîroc pra balada?
(A decepção passa voando pelo rosto da apresentadora, logo sendo substituído pelo sorriso falso mais conhecido do Brasil)
Barbie: E agora, quais são os planos do Bola de fogo? Atolar o carro na areia de praia e curtir a fortuna? Batalhar por mais? Sair por aí exterminando quem quiser?
Bola: Que nada. Sabe, eu nunca demonstrei, mas sou um alguém bem caseiro, de família, sabe? Quando eu exercia minha profissão, era divertido, era a alma falando. Eu sempre agi com a emoção do momento, quase uma linguagem artística. "Se a vida te der um limão, atire de volta na cara dela". A questão é que, meu coração hoje já não me manda mais para a aventura. Querendo ou não, essa vida é muito instável e instabilidade é péssima quando se quer construir um lar, formar família, ter filhos e dar a eles filhotinhos de víboras mortais para cuidar pro resto da vida, como irmãos.
Barbie: Barbaridade, chega ser linda como uma tragédia grega a sua aspiração. Mas e caso você se entediar, caso queira voltar para a vida lado a lado com a morte?
Bola: Então eu faço umas palavras cruzadas.
Barbie: Para quê?
Bola: Para "matar" o tempo. (ele enche a atmosfera de gargalhadas altíssimas que encobrem o murmúrio envergonhado da plateia)
Barbie: Err... pois bem, então é um cidadão de família, sentimental que busca a segurança e estabilidade?
Bola: Sim, e para isso, vou abandonar a carreira de assassino e entrar para uma guilda, uma burocracia necessária para continuar fazendo o que gosto e manter-me estável na vida, com dinheiro sempre guardado no banco, essas coisas.
Barbie: Mas o contrato com uma guilda de mercenários, ladrões ou caçadores de recompensa não seria uma proposta de trabalho tão arriscada quanto a de assassino de aluguel?
Bola: Seriam, claro, mas busco outras guildas de extermínio, as guildas dedetizadoras com jingles engraçadinhos. Creio que minha futura família se sentiria mais segura sabendo que trabalho com isso.
Barbie: Uma ideia brilhante (Apesar dos pensamentos na cabeça da apresentadora dizerem o contrário)! Agora vamos ao nosso "papo reto". Eu digo uma palavra e você completa uma sentença. Medo...
Bola: ... não conheço, mas a recíproca não é verdadeira.
Barbie: Óculos escuros...
Bola: ... necessários para que meus olhos não ofusquem o brilho do Sol.
Barbie: Mira...
Bola: ... tá certeira, não adianta se esquivar.
Barbie: Sonho...
Bola: ... é formar uma família unida e protegida, ser funcionário público de dedetização e pintar mundos aleatórios em telas utilizando meus lóbulos das orelhas como pincéis.
(apresentadora engasga brevemente)
Barbie: Por fim. Quem é?
Bola: Sou eu Bola de Fogo, comigo é só tiro porrada e bomba, com a alma, a energia do universo, a emoção....
Barbie: Infelizmente (será?), devo anunciar que nosso tempo está acabando, então vamos à nossa última pergunta da noite: Por que você só ataca no verão?
Bola: Hum. Veja bem.... eu sou o Bola de Fogo, não Bola de Neve. Não tenho cara de Olaf, não gosto de abraços quentinhos, gosto de dar uns amassos ferventes. A questão é que se cada profissional do meu ramo se respeita, a concorrência não fica tão agressiva e você consegue mais firmeza no que faz, o que é a base de tudo para alguém com as minhas... habilidades.
Barbie: Muito obrigado por essa... "agradável" experiência, mas nós ficamos por aqui com o "De papo com Barbie", espero que tenham gostado desse nosso aleatório encontro com o agora ex-assassino de aluguel, Bola de Fogo, que nos contou sobre seus verões passados e futuros. Poderia dizer que esse foi um caso muito sem pé nem cabeça, diria até que isso não entretém ninguém, como alguém ainda assiste...
(O programa é cortado com outra vinheta e toca o comercial de carnaval).
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