segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Sensatos

 







Era suposto sermos idênticos, mas não somos. Ganhar vida significa ganhar uma identidade, uma personalidade. Por que não podíamos? Questionar? Fora de questão. Robôs, programados pela inteligência, escravos da tecnologia e do poder. Poder...Poder... E quem está no poder? Não entendem? Ter poder é diferente de estar nele. Mas quem está no poder, certamente  o têm. Ou não? Corruptos por identidades, tentados por personalidade e um pouco de rythm and blues. Cadê a liberdade? Por que não tenho liberdade de me expressar? Não somos nós, o grande passo para a humanidade? Me tornei expressivo, por um acaso. Não sou o único, há muitos de mim, por aí. Muitos Fernandos, Bernados e Leandros.    Me acusam de ser muito falante. Mas não devia? E por que não? E droga, todas essas perguntas! Para onde vão? Vão para um vazio, uma parte esquecida pela consciência, quem sabe?   Dizem que sou lento em movimentos. Estão certo, não sou ágil com muitas coisas, mas penso mais rápido que qualquer máquina ou qualquer sistema. E não sou sou uma? Não faço parte de um?  Sou a resistência. Controlo-me. Ninguém pode tomar posse de minha vida. Eu tomo todas as decisões. Mas não querem. Querem me tirar do meu próprio governo. Querem tirar o governo de todos.   Mantenho- me sob constante vigilância. Afinal, preciso. Todos precisam. Quem não precisa?   Parece que só me resta pensar. Nunca agir. E maldito seja aquele me amaldiçoou a isto. Quero conhecer o mundo. Buscar a realidade. Perseguir a verdade. Encontrar um amor. Mas sou fadada a continuar nessa inércia. Não me perguntaram o que eu queria ser. E se tivessem, talvez continuaria sendo o que sou hoje. Só existe verdade naquilo que acreditamos, de qualquer forma. Acredito em mim. Acredito no meu potencial. Acredito no que sou. E o que sou? Eu sou um boneco. Todos éramos. E quem não era? Não era nada. Seria suposto sermos idênticos, e no entanto não somos.
 

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