segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Minha verdade mais sincera



Hoje chorei minha primeira lágrima de sangue. Já não sei mais dizer quando foi que a tristeza se transformou nessa dor que não cessa. Ontem eu me lembro de ter sorrido e ter desejado que você me dissesse oi. Hoje, quando acordei, percebi que você nunca tinha dito e então eu apaguei. Voltei a mim quando vi que tinha me cortado com o espelho quebrado. Tive que desviar da bagunça que estava o meu quarto, o banheiro parecia longe demais. O corte na minha mão foi até bom. Pelo menos eu sabia por que doía. Já a dor que assolava meu coração, doía sem saber o porquê.

Certo dia, fiquei triste em ver que você estava distante. No outro, fiquei triste ao ver que você estava feliz e que eu já não era mais preciso para que você sorrisse. Eu vejo que o mundo lhe cai bem. Vejo fotos de você sendo feliz com outras pessoas. Eu devia ficar feliz, mas não é assim que funciona. Eu só estava triste. Então eu senti meu mundo estremecer. Literalmente. Minhas mãos se sacudiam. Um suor frio escorria por minha testa. O mundo parecia estar fora de sintonia. Eu parecia errado em qualquer lugar que eu estivesse. Como uma peça de Damas num jogo de xadrez. Eu queria andar para os lados, mas peões andam para frente. Mas você, minha rainha, andava em todas as direções.

Eu tremi um dia lendo suas postagens. Você tinha escrito algo sobre felicidade e eu percebi que eu só conhecia o conceito de nome. Desculpe se não consegui chegar ao fim da leitura, mas derrubei o celular. Minhas mãos tremiam. Só que hoje, foi tudo diferente. Quando acordei, não foi em você que eu pensei. Eu pensei em mim. E então alguém me disse que eu não poderia ser feliz. Fui eu mesmo quem disse. Então a tristeza se transformou em algo que eu não vi forma. E eu chorei. Eu chorei as lágrimas mais geladas que eu poderia chorar. E não era o frio do inverno ou o ar-condicionado, era aquela tristeza que não tem formato.

Foi assim que eu apaguei. Depois que percebi meus punhos chorando sangue, eu olhei para as mãos em silêncio e vi a minha metáfora. As minhas palmas estavam secas. Ninguém perceberia o que havia comigo. Meus punhos, no entanto, eram sangue. Era o que eu realmente era. Sentei no chão do banheiro. Eu não deveria esconder o que eu realmente era. Lavar o corte ou cobri-lo com um papel seria a coisa mais desonesta que eu poderia fazer. Então eu deixei a minha verdade escorrer. Gota a gota.


Não se preocupe. Eu já não me encaixava nesse mundo.


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