terça-feira, 15 de setembro de 2015

César, 30 anos





(colega de trabalho da vítima)
Bem, minha relação com Angelica era muito normal. Ela não mora perto de mim, mas eu fazia questão de lhe dar carona na volta do trabalho todos os dias.
Eu até poderia mentir no porquê de insistir em dar carona a ela, mas não vou. Como dizia minha mãe: "Quem não deve não teme". Meu chefe, o Sr. Black, ele suspeitava de que Angelica estivesse denunciando o esquema de nossa empresa, e me pediu para ficar de olho. Não pediu na verdade, me pagava para isso.
O problema é que com o passar do tempo, eu não conseguia nada que comprovasse sua suspeita, e fiquei cada vez mais íntimo de Angelica. Ela me contava sobre sua família e sobre seu namorado, sempre alegre.
A última vez que a vi, foi no dia de sua morte. Eu estava trabalhando quando ela veio me procurar para dizer que não ia precisar da minha carona neste dia. Ela parecia bastante animada, ao contrário do dia anterior, que ela estava calada. Na semana anterior, ela mencionara que um de nossos clientes a estava importunando, imaginei que ele tivesse parado e ela iria se encontrar com o namorado. Eu perguntei aonde ela ia, e ela só falou que ia encontrar um amigo na casa dele. Nem sei se era verdade, mas se ela não estaria em casa, me pareceu a oportunidade perfeita.
Sr. Black já vinha me pedindo provas há algum tempo, vi então uma oportunidade de ir até a casa dela e procurar informações. Assim que eu cheguei, encontrei uma mulher. Eu havia a reconhecido de outra vez quando deixara Angelica em casa, supus que eram amigas.
Com uma boa quantia em suas mãos, o porteiro me deixou subir sem problemas. O apartamento estava vazio, assim como o corredor. Entrei sem problemas e procurei por provas da delatora. Nada. A única coisa que encontrei foi seu armário vazio e escancarado.
Angelica não era mulher com cara de desorganizada, mas seu quarto estava uma bagunça. Era sempre tão calma e centrada... Tinha uma ótima impressão sobre ela. Não entendia como uma alma tão boa queria trabalhar junto a ratos como eu. Mas o armário me chamou atenção, deduzi que ela havia fugido para a casa do namorado onde eu supus que ela estivesse.
No dia seguinte, me avisaram de sua morte, eu me senti culpado. Poderia ter perguntado mais sobre seu bem estar naquele dia, mas me prendi ao dinheiro que estava recebendo. Não que não seja uma boa causa...
Armas?! De jeito nenhum, como disse antes, Angelica era pacífica demais para carregar qualquer arma por aí, por mais branda que fosse. Mesmo estando tão pilhada quanto ao cliente e alguns problemas familiares.
Se quer saber minha opinião, o assassino de Angelica é o Sr. Black. Eu vi aquele homem de perto. Há anos que trabalho naquela empresa. Sei o que acontece com delatores. O homem é desagradável, e sua relação de trabalho com Angelica era confusa, alguns rumores nos corredores falavam de um possível abuso.
Se bem que também não fui muito com a cara daquela amiga com quem cruzei na entrada de seu prédio no dia da morte de Angelica...

Nenhum comentário:

Postar um comentário