sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Marianne, 24 anos


 


(Esposa do amante da vítima)

Eu ainda não consigo entender o porquê dele ter feito isso comigo. Ele me traiu. Ele me traiu!!! Eu nunca fiz nada pra ele fazer isso comigo. Tínhamos nossas discussões e desentendimentos, mas temos noção de que temos defeitos, e se ele estava tão insatisfeito a ponto disso, poderíamos ter terminado. Poderíamos ter feito qualquer coisa. Ele poderia ter reclamado. Ele costumava se incomodar com meu ciúme excessivo, meu pavio curto e meu egoísmo, mas isso não dá o direito dele me trair! Aquele babaca ainda ficou um grande tempo com ela, me fazendo de I-D-I-O-T-A! Eu fiquei em casa por tanto tempo, esperando por ele. Ligava e dizia que estava no trabalho, que ia atrasar, que ia sair com os amigos ou qualquer outra desculpa esfarrapada. Ele conseguiu esconder isso por tanto tempo... Quase dois meses, acho.
Eu nunca nem vi a cara daquela vadia. Não a conheço nem por foto, nem pessoalmente, quem dirá conversar com ela. Mas eu descobri a existência dela e do caso dos dois quando meu mari--- ex-marido, saiu para ir ao banheiro e deixou uma carta aberta em cima da mesa. Eu conheço a roda de amigos do Reginaldo, e com quem ele convive, mas aquele nome escrito no final da carta era realmente estranho pra mim. Angélica. Por que ele nunca falou dela pra mim? Como esposa, não me senti hesitante em ler a carta inteira. E foi aí que eu descobri o tal caso. Marcaram de se encontrar e a rapariga falava de um jeito tão amoroso um com o outro. Um jeito que ele não falava comigo há uns bons meses.
A minha primeira reação foi explodir, obviamente. Assim que o Reginaldo saiu do banheiro, fui tirar satisfações. Não estava calma, admito, mas quem estaria no meu lugar? Eu gritei com ele, e não foi pouco. Imagino que a criatura não esperava ter esquecido a carta bem na minha cara e eu ter visto a vagabunda escrevendo pra ele, então a reação não foi surpreendente. Ele ficou em choque e sem saber o que falar. Gaguejava muito e tentava me acalmar, o que não deu certo. Mas a merda já estava feita, agora ele teria que aceitar as cosequências, o que eu imagino que ele nem tenha pensado nisso. Depois de uns minutos, Reginaldo simplesmente desistiu e jogou tudo no ventilador. Disse que não me amava, e que as coisas já não estavam mais como antes, e que ela era melhor que eu. Falou o óbvio, mas aquilo feriu meu orgulho e me rasgou como facadas.
Foi nesse dia que joguei as roupas dele no chão e ele teve que catar tudo, antes de sair da minha casa. E coincidentemente, foi nesse dia que soube da morte da tal Angélica. Não sei se ela morreu naquele dia ou no dia anterior, mas isso pouco me importava. Eu não sei até agora o que aconteceu exatamente entre os dois: não sei como se conheceram, nem como manteram aquela relação, nem como era a relação entre os dois. Estamos nos divorciando agora e evito ao máximo de falar com o Reginaldo. Eu o odeio, eu a odeio, mas não a matei. Afinal, não tenho nenhuma informação dela, não sei nada sobre aquela garota. O Reginaldo saiu de casa e logo depois descobri da morte da Angélica.

Agora, que ele morra junto.

 

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