Tudo o que eu queria
era você. Passei anos atrás disso que eu sinto. Sabe, às vezes, é muito difícil
ver a vida com bons olhos. Eu juro para você, toda vez quando acordo, eu
costumava esperar que minha vida fosse um conto de fadas. Consegue me imaginar querendo
isso? Cavalos brancos, magia, fadas e animais falantes. Como eu queria cada uma
dessas coisas. Queria e esperava que minha vida fosse salva por uma princesa
brava e valente. Uma garota que corresse com cabelos ao vento e encontrasse uma
solução para a minha vida. Que me despertasse do meu sono, que me resgatasse de
um castelo, que me transformasse em homem novamente...
Mas eu não sou um
príncipe, né? Não é um conto de fadas. Não estamos em uma daquelas cenas de
filmes e você não vai vir cavalgando um equino alvo de crina brilhante. O que
eu estou fazendo aqui então? Eu não posso salvar você e nem você a mim. Estamos
perdidos sozinhos? O que vai acontecer nos próximos capítulos? As páginas
seguintes estão cheias de lágrimas. Não foi eu quem escreveu essa história. No
meu conto, eu teria mais forças para te salvar.
Desculpa. Não tenho
Excalibur. Não tenho Espelho Mágico. Fé, confiança, pó mágico... Esse não sou
eu. E você também não é nada disso. Quando eu te encontrei, eu tentei ao máximo
mostrar o melhor de mim, mas eu não sou tão heroico como os príncipes
encantados. Também não sou um sapo a espera de um milagre. Eu sou um homem em
uma redoma de vidro, desmaiado porque comeu uma maçã envenenada. Sou um tolo
que se deixou espetar em uma roca afiada. Alguém que não pode nem ao menos
salvar a si mesmo. Se eu tivesse o meu alazão, eu fugiria. Você viria comigo?
Agora, estou mais para
alguém que precisa de salvação. É o que eu posso oferecer a você: alguém para
você salvar. Depois de todas as histórias, é isso o que ficou. O cavalheiro que
havia aqui dentro foi embora, restou apenas um leão sem coragem, um homem
enferrujado pela dor de tantos amores, um espantalho sem nada na cabeça. Você
foi a primeira coisa boa que me aconteceu depois de muito tempo. Eu só queria
que você batesse os seus pezinhos e me levasse de volta para casa.
Acho que é tarde demais
para sonhar com contos de fadas. Acho que meu caminho não tem tijolos amarelos.
No asfalto cinzento eu vou andar até encontrar alguém que não vai ser uma salvação,
não será alguém que eu possa salvar, não será nada. E por mais irônico que
possa parecer, seremos mais feitos de papel do que qualquer conto de fada já
foi. Eu e ela seremos uma imagem bonita num livro de história, mas será aquela
imagem que o leitor detesta, pois não representa uma linha do que foi escrito.
Eu e ela não teremos um cavalo branco. Não teremos fé, confiança ou pó mágico.
Seremos apenas um amor
que os adultos dizem ser o real.
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