quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Cavalo Branco

Tudo o que eu queria era você. Passei anos atrás disso que eu sinto. Sabe, às vezes, é muito difícil ver a vida com bons olhos. Eu juro para você, toda vez quando acordo, eu costumava esperar que minha vida fosse um conto de fadas. Consegue me imaginar querendo isso? Cavalos brancos, magia, fadas e animais falantes. Como eu queria cada uma dessas coisas. Queria e esperava que minha vida fosse salva por uma princesa brava e valente. Uma garota que corresse com cabelos ao vento e encontrasse uma solução para a minha vida. Que me despertasse do meu sono, que me resgatasse de um castelo, que me transformasse em homem novamente...

Mas eu não sou um príncipe, né? Não é um conto de fadas. Não estamos em uma daquelas cenas de filmes e você não vai vir cavalgando um equino alvo de crina brilhante. O que eu estou fazendo aqui então? Eu não posso salvar você e nem você a mim. Estamos perdidos sozinhos? O que vai acontecer nos próximos capítulos? As páginas seguintes estão cheias de lágrimas. Não foi eu quem escreveu essa história. No meu conto, eu teria mais forças para te salvar.

Desculpa. Não tenho Excalibur. Não tenho Espelho Mágico. Fé, confiança, pó mágico... Esse não sou eu. E você também não é nada disso. Quando eu te encontrei, eu tentei ao máximo mostrar o melhor de mim, mas eu não sou tão heroico como os príncipes encantados. Também não sou um sapo a espera de um milagre. Eu sou um homem em uma redoma de vidro, desmaiado porque comeu uma maçã envenenada. Sou um tolo que se deixou espetar em uma roca afiada. Alguém que não pode nem ao menos salvar a si mesmo. Se eu tivesse o meu alazão, eu fugiria. Você viria comigo?

Agora, estou mais para alguém que precisa de salvação. É o que eu posso oferecer a você: alguém para você salvar. Depois de todas as histórias, é isso o que ficou. O cavalheiro que havia aqui dentro foi embora, restou apenas um leão sem coragem, um homem enferrujado pela dor de tantos amores, um espantalho sem nada na cabeça. Você foi a primeira coisa boa que me aconteceu depois de muito tempo. Eu só queria que você batesse os seus pezinhos e me levasse de volta para casa.

Acho que é tarde demais para sonhar com contos de fadas. Acho que meu caminho não tem tijolos amarelos. No asfalto cinzento eu vou andar até encontrar alguém que não vai ser uma salvação, não será alguém que eu possa salvar, não será nada. E por mais irônico que possa parecer, seremos mais feitos de papel do que qualquer conto de fada já foi. Eu e ela seremos uma imagem bonita num livro de história, mas será aquela imagem que o leitor detesta, pois não representa uma linha do que foi escrito. Eu e ela não teremos um cavalo branco. Não teremos fé, confiança ou pó mágico.


Seremos apenas um amor que os adultos dizem ser o real. 


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