Lá estava ela, entre barris, andando e apontando os erros dos empregados, o que deveriam fazer ou não. Entre barris, examinando se a cerveja estava no ponto, no ponto de embriaguez certo, no ponto de causar a perfeita insatisfação. Entendam, para uma fada, ela podia ser bem flexível. Desde que as coisas fossem exatamente do jeito que queria, totalmente flexível, como qualquer chefe ou como qualquer fada. O autoritarismo é a marca da fada modernamente arcaica.
E lá estava ela, entre barris, passando pela decepcionante rotina de desculpas... "Não chefe, não estou dormindo, é que pousou um inseto no meu olho e estou tentando mata-lo sufocado!". E esporros... "Pois bem, mate insetos... E junto com eles morra! Está demitido!" Era difícil estar cercado de idiotas, idiotas improdutivos, o pior tipo. Estavam levando a cervejaria a falência, o produto era excelente, mas eram muito poucos os empregados uteis, os outros, considerava-os uma massa acéfala, eram apenas para suprir o mínimo de funcionários. Poderia contratar, mas bons trabalhadores são caros. "Menos é mais", esse é o lema da fada modernamente arcaica.
E, novamente, lá estava ela, não entre barris, mas na rua da amargura. Como predito, já quase na bancarrota. Nada poderia salvá-la, a não ser... Rufar de tambores... Um velho segredo de família, um arriscado segredo de família, utilizado somente em casos extremos. Uma formula capaz de multiplicar a produção de cerveja sete vezes setecentos e conservá-la por eras, poderia sustentá-la para sempre ou destruir o mundo. Era só mais um investimento de risco para a fada modernamente arcaica.
E lá estava ela, entre os barris do laboratório, misturando os ingredientes para a multiplicação da cerveja e a fortuna eterna. Mal sabia ela que havia cometido um erro na preparação, um erro fatal. Conseguira sim fazer a messiânica reprodução, mas, com isso, deu inteligência e poderes mágicos a levedura que fermentava a bebida. Por ser algo muito pequeno, ela nem percebeu e se aproveitando disso, a levada levedura usou de um plano auto imposto às aberrações criadas em laboratório, a de dominar o Mundo. Era o fim, para a fada e para o mundo modernamente arcaico.
E lá estava o fungo, nos barris, fermentando o seu plano. Pretendia fazer com que as pessoas, ao beber a cerveja afetada pelo seu feitiço, quase todo o estoque, se tornassem seus escravos. Não escravos comuns, que obedecem tudo, não, escravos independentes que servissem a ele, mas também tivessem vida própria. Escravos que não soubessem que eram escravos. E sem saber, a fada modernamente arcaica, ajudava a empreitada da levedura na mais inovadora forma de dominação mundial.
E lá estava a fungo, no topo do mundo, sem ninguém saber, controlando a todos, mesmo os mais puritanos. E lá estava a fada, entre barris, a contar os lucros sem nada saber. E como termina essa história? Bem... Como uma vez já disse certa pessoa, quando estava em alguma situação difícil: "Não Sei.". Talvez nem tenha terminado, olhe pela janela e tire as suas conclusões.
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