São 6:13 da manhã e está chovendo. Talvez por isso eu esteja inspirado. A combinação de uma mente que acabou de acordar com um assento de ônibus próximo a janela em um dia de chuva é letal para a ignorância. Adicione uma música melodramática a isso e está feito o chá de indução de questionamentos.
Por favor, não ache que na minha opinião isso é algo ruim. Longe de mim pensar isso. Como sabemos, o que move o mundo são perguntas, e não respostas. Talvez a maioria não cause esse efeito de mudança no mundo inteiro, mas posso apostar que fazem muita diferença no mundo intelectual e individual. É claro que, mesmo que forcemos nossas mentes a trabalhar em assuntos o tempo todo, isso na maioria das vezes não será possível. Não se não tivermos inspiração. Concluo então que as perguntas movam o mundo, mas a inspiração é o combustível desse "caminhão de mudanças mundiais".
Esse seria um texto sobre uma metáfora bonita e confortável se não tivesse um toque, ou talvez martelada, de realismo. Graças a esse toque, o assunto todo é bem mais complicado do que poderíamos apresentar em uma fábula para crianças ou canção de ninar. Um dos fatores que deixa essa ideia mais complexa é que a inspiração é um combustível que, quando disponível, é gasto de qualquer jeito. Por mais que queiramos economizar esse precioso combustível, ele é queimado da mesma maneira que seria se o utilizássemos.
Para explicar esse fenômeno, me vejo perante a duas perspectivas diferentes:
1- O motor está sempre ligado
2- Nosso mecanismo tem sérios problemas de vazamento.
Segundo a primeira perspectiva, podemos afirmar que o combustível é gasto de qualquer forma por estarmos queimando-o sempre, ainda que tentemos evitar. Isso se dá por, quando inspirados, entrarmos em vários papos e pensamentos complexos ou criativos sobre o assunto do momento, seja ele a cura do câncer ou a popularização da pasta de amendoim no Brasil. O fato é que nós não temos um botão de liga e desliga, ou ao menos não alcançamos o mesmo ainda. Se a perspectiva 1 for o caso, devemos nos focar em concentrar nossos pensamentos em momentos de inspiração, para que haja aproveitamento máximo desse desgaste todo.
Partindo da segunda perspectiva, seria certo que mesmo que não gastemos esse combustível, não conseguimos armazená-lo. Isso se dá por essa ser uma tarefa extremamente difícil para qualquer um. Já que por não termos noção da quantidade, local e resistência desse combustível, não podemos pensar na melhor maneira de guardá-lo.
Seja qual for a perspectiva mais próxima da realidade, ambas concordam em um ponto que, portanto, prova-se ser correto: Esse combustível é raro e inevitavelmente vai embora, usemos bem ou não.
Concluo então que, seja qual for a causa da nossa falta de inspiração em vários momentos, devemos aproveitar ao máximo quando estamos inspirados, pois não sabemos a duração e nem o tempo que vai demorar para que estejamos novamente.
Fico feliz por ter um bloco de notas para escrever textos como esses em uma manhã de chuva.
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