sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O preço da ingenuidade

 
Ela não podia acreditar! A uma semana atrás, Giulia estava rindo, alegremente,  pelos corredores do colégio, rodeada de amigos. Mas agora, ela estava sentada num banco  cinzento que ficava no corredor imundo da delegacia. O que havia acontecido? Ela era a  aluna nota 10, filha perfeita, amiga ideal, etc. Ela tinha defeitos? Claro. Afinal, ela era  humana. Será que foram eles os responsáveis pela situação que a menina se encontrava?  Para você, leitor, que não está entendendo nada, não se preocupe: irei explicar tudo agora!

Giulia estava sentada em uma das primeiras carteiras durante aquela aula — chata  demais — de trigonometria. Era uma segunda­-feira chuvosa e Giulia mal conseguia ficar de  olhos abertos de tão cansada que estava. Então, quando aquele ruivo de olhos verdes  (MA­RA­VI­LHO­SO!) entrou,timidamente, na sala de aula, ela achou que tinha caído no  sono e estava sonhando. A coordenadora do colégio, que estava junto com ele, explicou a  situação para a classe: Henrique ("Até o nome é maravilhoso!", Giulia pensava) havia se  mudado pois seu pai é militar. A essa altura a garota já estava encantada com o rapaz que  havia entrado em sua turma. Poucas horas depois o sinal tocou e o intervalo começou. A  jovem estava saindo da sala quando algo chamou sua atenção: o aluno novo estava no  fundo da sala, no canto e... sozinho. A garota não pensou duas vezes em ir lá e puxar um  assunto. No início o garoto relutou: respondia com poucas palavras, a ignorava as vezes,  entre outras coisas. Porém, ele se cansou de ser rude e, vendo que a menina não iria  desistir, continuou a conversar. Daquele dia em diante eles não pararam: se falavam no  colégio, por mensagem, saíam e etc. Uma amizade estava se formando ali. Mas...era só  uma amizade mesmo? Giulia estava começando a sentir algo diferente. Especial. Gostava  de ser amiga de Henrique, mas queria mais e, por incrível que pareça, sentia que estava  sendo correspondida.

Certa noite, depois de irem ao cinema, Henrique deixou a amiga em casa e pediu  um favor: o favor que iria mudar a vida da garota. O garoto pediu para que Giulia guardar  uma sacola com ela por um tempo. Disse que era uma surpresa para seu pai, e se ficasse  com ele, o pai iria descobrir. A jovem nem hesitou ao concordar. Mas o garoto exigiu uma  coisa: a menina não poderia, de maneira nenhuma, abrir o presente. Por mais que sua  curiosidade fosse grande, ela prometeu...e iria cumprir. Não teve tempo de fazer mais  perguntas porque o garoto logo se apressou e se despediu… com um beijo! Giulia se  surpreendeu, mas adorou isso. A menina ficou na porta enquanto o garoto virava a esquina  e desaparecia. Nesse dia Giulia dormiu muito bem.  Os dias se passavam e aquela sacola  estava lá, no canto do quarto de Giulia. Seus pais nunca questionaram  o que era aquilo,  contudo, a jovem estava sempre a questionar o amigo sobre quando ele iria pegar a  surpresa de volta, mas ele sempre desconversava. Giulia esperava que ele fosse tocar no  assunto do beijo também, mas ele nunca o fez. Para não causar uma situação  desconfortável, ela decidiu nunca tocar no assunto. 

Certa tarde, quando voltava do colégio para casa, reparou em um certo movimento  estranho na rua: as pessoas estavam nas janelas ou portas, todos olhando em uma direção.  A direção da sua casa. A menina apressou-­se e levou um choque ao se deparar com um  carro de polícia encostado no meio fio, em frente a sua porta. Um policial estava a  conversar com seus pais, enquanto outros dois saíam de sua casa...com a sacola de  Henrique! Ao chegar no portão, o policial que estava a falar com seus pais se virou para ela  e perguntou se ela era Giulia Vellasques Veiga. Após a menina confirmar ele revelou a 
notícia que fez com que a pouca cor restante em seu rosto desaparecesse: Giulia estava  sendo presa. Parece que haviam feito uma denúncia da presença de drogas ilícitas com a  garota. A polícia fora averiguar e encontraram a prova do crime no quarto da jovem. A  jovem estava incrédula: Henrique teria armado isso tudo para ela? A preço de que? A  menina tentou explicar, mas foi em vão: os policias já haviam recolhido as evidências e  estavam algemando-­a. Ao colocarem Giulia dentro da viatura, esta só conseguia ver uma  coisa: a cara arrasada de seus pais.Sua mãe estava aos prantos, inclusive. Agora a menina  estava sentada naquele banco frio, esperando para ver o que iriam fazer com ela. Sua  ingenuidade, impulsividade e espontaneidade fizeram com que se apaixonasse por  Henrique, o garoto que havia destruído sua vida. Agora eque ela estava lá, onde será que  ele se encontrava? Será que estava pensando em outra idiota para enganar? Não queria  mais pensar nele. Não valia a pena! Só queria saber o que iria acontecer com ela agora! Só  restava a Giulia esperar naquele banco e rezar para conseguir sair de lá bem!   
 

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