quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O dilema do bolinho

Já era tarde, uma ou duas da manhã.
Levantei com o propósito de ir ao banheiro, algo que fazia todas as noites em que ficava acordado até tarde.
Estava escuro, muito escuro.
Eu morava em uma fazenda, a única iluminação de noite acontecia quando a lua está cheia, ou seja, em uma pequena época do mês.
Acendi a lanterna do celular, o imprestável estava com pouca bateria, a lanterna demorou para acender. Estava feito, agora eu tinha um pouco de luz em meu caminho até a satisfação de minhas necessidades.
Entrei no banheiro e o vaso sanitário começou a fazer um barulho estranho, não me importei, só fiz o que tinha que fazer, assim que terminei o vaso se calou, talvez estivesse com fome.
Dei descarga, me olhei no espelho como de costume, tudo normal.

Sai do banheiro, desliguei a lanterna do celular, menino burro, ainda estava tudo escuro. Acendo novamente a lanterna.

Estou com fome, parece que meu objetivo não era só ir ao banheiro.

Vou até a cozinha, está ventando muito lá fora, vários barulhos estranhos.

Pego um pouco de suco e bebo rápido. Percebo que estou com vontade de beber água, preciso reabastecer. Pego a jarra de água e encho o copo. O vento parou. Os barulhos continuam, penso ser o cachorro, mas o vejo deitado na porta de meu quarto, talvez seja o gato, porém o vejo dormindo na cadeira. Meu coração começa a bater mais forte, a adrenalina começa a percorrer meu corpo, eu estava pronto para sair correndo, mas meu lado lógico logo admite que é besteira. Olho ao redor da cozinha, eu ainda estava com fome, vejo o bolo que minha mãe fez mais cedo, ele estava na frente da janela, ela estava aberta, só o que impedia algo de entrar ou sair era tela mosquiteira.

Minha mente resolveu projetar todos os filmes de terror que eu havia teimosamente assistido nos últimos anos. Meu olhar fica mudando entre o bolo e a janela.

Ficar com fome ou arriscar minha vida?

Meu olhar para na janela, se algo surgisse ali eu nem imaginaria minha reação.

Ensaio uma reação.

Então assim que acabaria? Morto por um monstro criado pela minha imaginação?

Salvo pelo lado lógico de novo.

Meu corpo anda até o bolo, abro sua proteção, pego uma faca e corto uma fatia, sempre olhando para a janela.

Nesses momentos decisivos meu coração dispara, era a hora da verdade.

Consigo pegar o bolo

Meu corpo começa a andar lentamente para o meu quarto, mas recordo-me que ainda não tomei a água. Pego o como e bebo seu conteúdo lentamente, sempre olhando para a janela. Acabo de beber e coloco o copo na pia, lembro de olhar para a janela.

Lá estava o par de olhos de observando, meu coração acelera, penso em correr.

Percebo então que era só meu cachorro me olhando, a luz da lanterna deu um efeito assustador nele.
Meu coração bate mais devagar. Pego meu bolinho e ando para meu quarto. Mais uma noite vencida.
Ao chegar na porta do quarto me deparo com o que me fez perceber que a noite não estava vencida.
Meu cachorro estava dormindo ali ainda. 
 

Um comentário:

  1. Cara adorei!! Mds oq poderia ter sido?! Mas eu tb me arriscaria por um bolo!! Haha

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