(Primo da vítima)
No dia em que a Angelica foi... Assassinada, eu não a vi muito bem. Não foi muito diferente de qualquer outro. Acordei cedo, moro sozinho, e fui trabalhar. Trabalhamos na mesma empresa, aliás fui eu mesmo que consegui o trabalho para ela. Mas não estávamos exatamente na mesma área então não nos víamos com tanta frequência. Cada um em sua função. Ela só aceitou o cargo que lhe foi oferecido sem perguntas, como uma boa menina, pelo bom salário. Nesse lugar não há espaço para questionamentos.
Bem, passei o dia inteiro em minha mesa trabalhando em alguns... Papéis. Avistei Angelica na hora do almoço como de costume, estava saindo do edifício. Não nos falamos, eu estava longe demais para fazer isso e talvez mesmo que estivesse ao seu lado não o fizesse. Não tivemos muito contato desde que ambos deixamos de morar sobre o mesmo teto. O triste é que éramos bastante próximos, que ironia. De repente, virou isso.
Mas havia algo estranho, ela parecia inquieta. Olhando para todos os lados assim que atravessou a porta da frente, como se esperasse que ninguém a visse ou não sei. Essa foi a última vez que a vi. Os lindos olhos atentos a todas as direções, postura rígida e bochechas ainda coradas.
Não me entenda mal, Detetive. Era uma linda moça de fato. Cheia de vida, alegria e juventude. Mas era muito mais que isso, era esperta, dissimulada e sedutora. Podia ser o inferno, disso eu sei. Ouso dizer que posso ter caído em seus encantos uma vez, mas só uma. Era difícil resistir àquele sorriso. Vou sentir falta de como quando sorria parecia que seus dentes o estraçalhariam, com prazer.
Enfim, não a vi depois desta hora. Terminei meu trabalho e sai pontualmente às 17 horas. Fui para casa e adormeci no sofá lendo o jornal. Nada de interessante. No dia seguinte acordei com o telefone tocando, era minha mãe, me informando que a Angelica que um dia eu conheci, havia sido assassinada. Assassinada, dá para acreditar?
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