Pulso Fatal: Capítulo 5

Poucos foram os segundos em que Leo esteve desacordado. Mas foi tempo suficiente para que seu corpo fosse de encontro ao chão sem que pudesse reagir. Então alguém o levantou pelos braços enquanto a empregada observava a cena, espantada.

- Me desculpe – Disse uma voz familiar – Eu não sei mais o que fazer, e não vou te deixar morrer por causa de um surto suicida.

Leonardo então se recompôs e virou-se para Mario, que terminara de se explicar.

- Você está maluco? – Leonardo gritou, apontando seu indicador para a cara do infeliz e empurrando seu rosto com raiva, como se quisesse perfurar Mario com o dedo. – Vou te demitir por isso!

Mário fechou os olhos para se controlar e pôs-se a dizer por entre os dentes rangidos, pausando para respirar constantemente.

- Com todo o respeito, quem está maluco é o senhor. Primeiro começou com a história de usar cocaína para “manter o pique” – Mario fez aspas com os dedos, enquanto Leo se surpreendeu com a verdade nua jogada em sua cara e abaixou o indicador, perplexo.

- Como? – Leo gaguejou. – Como descobriu?

- Ah! Eu vivo mais com você do que com a Clara! – Mario aumenta o tom de voz e se assusta com isso, abaixando o volume vocal logo em seguida - Acha que nunca abri a porcaria daquele frigobar? Imagina então a surpresa que tive em encontrar sacas cheias de pó branco dentro daquela geladeirinha maldita.

- Olha, Mario... – Leo estava começando a se defender quando ligou os pontos e voltou a se sentir revoltado – Então foi você! – Leo aponta o dedo na cara de Mario novamente – Você que se livrou das sacas! O que fez com elas? 

- Joguei fora – Mario corta rapidamente – Não tem volta. Você sabe que não pode mais se drogar, Leonardo. Você tem problemas cardíacos. Sei que estava se controlando... Mas agora que a abstinência bateu de forma tão espantadora, não me surpreenderia se o senhor se drogasse novamente.

Vulto. Tudo foi um vulto. Então Mario estava no chão, massageando o rosto e olhando incrédulo para Leo. 

- Canalha! Você que estava desviando dinheiro para a irmã da Clara! Seu ladrãozinho de merda! Devolva a minha cocaína! 

Então Leo percebe o rumo que aquela conversa tomou e olha para o lado, procurando pela empregada. Após uns dois segundos olhando para a rua, vê a mulher fugindo para longe, provavelmente procurando por ajuda. 

- Senhor, por favor! Eu posso explicar tudo! Está fora de si! - Você está casado com o amor da minha vida e eu que estou causando o problema? – Leo perde o controle. – Eu amo a Clara! Surpreso? Sou ex dela! E parte da culpa por eu estar me dopando de tanto pó é o fato de ela ter me largado! – Mario olha espantado para Leo – Feliz agora?

- Eu... – Mario diz, com toda a sua felicidade drenada, agora de pé olhando para Leo – Preciso te mostrar a Amanda. Clara está lá. Não sei mais o que esperar dessa conversa, prefiro que estejamos todos reunidos e que o senhor saiba também de tudo. 

Mario então anda para longe, sem verificar se Leonardo está seguindo seus passos. Leo anda logo atrás, massageando a mão, ferida com o soco. Mario passou a caminhada toda olhando para o chão, e em um certo momento, Leo pôde jurar que viu uma lágrima pingando do rosto de Mario. 

- Mario... Para onde está me levando? 

Mario não responde, mas para na mesma hora e aponta para o outro lado da rua. Então Leonardo sente sua pressão caindo quando vê o hospital em que estivera. 

- C...Clara? – Leo pergunta; 

- Amanda. – Mario responde, quase sem vida. – Clara está com Amanda. Está na hora de jogarmos as cartas na mesa.

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