quinta-feira, 23 de abril de 2015

O Teatro Mágico no Teatro SESI – Duque de Caxias

Duque de Caxias, sete e meia da noite, um teatro relativamente pequeno. O Teatro SESI tem a capacidade de aproximadamente 220 pessoas. Comparado ao último show que fui, na Fundição Progresso, não é lá grande coisa. Então, por esses motivos, e um mini pré julgamento quanto a shows pequenos (não chamo necessariamente de preconceito porque sou muito fã de bandas independentes, mas é uma imagem que se cria de cara) fui para tão longe com uma expectativa não tão alta.
Mas que erro.
O Teatro Mágico, que eu estava prestes a assistir, é uma banda independente formada em 2003 no Mundo Fantástico de Oz(asco) por Fernando Anitelli, que é o vocalista principal, e composta por Daniel Santiago (direção musical/guitarra), Rafael dos Santos (bateria), Guilherme Ribeiro (teclados), Sergio Carvalho (baixo), Ricardo Braga (percussão), Luiz Galdino (violino), com uma abordagem que mistura elementos do circo, folclore brasileiro, poesia, música, literatura, política e dança. Uma verdadeira trupe de circo, que se apresenta à rigor, músicos de cara pintada e caracterizados de palhaço e tudo. Para o aniversário de 11 anos da formação da trupe, O Teatro Mágico está atualmente em turnê por vários Teatros SESI do Brasil, de comemoração, com várias músicas de várias épocas da banda, em teatros modestos, para relembrar o início da trajetória da trupe, composta por dançarinos, músicos e até mesmo os fãs.

Minha visão, de uma das últimas fileiras.
Por ter uma visão ótima mesmo de longe, antes do início do show coloquei em minha cabeça que iria ficar sentada, o tempo todo. Uma coisa que eu sempre fiz e detestei era gritar, espernear, surtar, e no fim do show estar rouca, cansada, e no fim das contas nem ter aproveitado direito.
Mas, nossa, quando o show começou não deu para aguentar, e eu saí correndo para a frente do palco, mesmo não tendo mais ninguém de pé.
O show é muito animado, com direito a bailarinas penduradas em estruturas de candelabro. O estilo das apresentações da banda é alternativo, com muita poesia, muitas cantigas, jogos de palavras e interação com o público, e o repertório cheio de canções marcantes dos primeiros três álbuns, “Entrada para Raros”, “Segundo Ato” e “Sociedade do Espetáculo” como “Sonho de uma flauta”, “Nosso pequeno castelo”, “Realejo”, “Sintaxe à Vontade” (que é uma das minhas canções favoritas em termos de letra), “Pena”, “Amanhã... Será?”, e canções do álbum mais recente, “Grão do Corpo”, como “Quando a Fé Ruge” e “O Sol e a Peneira”, esta com um grande teor político e social.

Minha visão, na cara do palco. Fernando Anitelli, vestido e pintado de palhaço. 
Ao fundo, uma das coreografias suspensas.
E põe interação com o público nisso. No intervalo de quase todas as músicas o frontman-palhaço conversa, brinca com o público (inclusive comigo), apresenta todos os membros da trupe, interação feita de forma bem humorada e descontraída, com direito a erros, confundir SESI com SESC, contar histórias da trajetória da banda e curiosidades sobre a turnê atual, e uma pequena fala sobre a posição da banda quanto ao download de músicas, que é totalmente apoiado pela trupe, que tem em seu site oficial todo o seu acervo disponibilizado para download e streaming de forma gratuita.
Com várias frases que ficam marcadas em qualquer fã, e jogos de palavras que são de deixar qualquer um de queixo caído (”A vida anuncia que renuncia a morte”, “Quando há ferrugem no meu coração de lata/ é quando a fé ruge e o meu coração dilata”, e inclusive o “Estar entre vírgulas é aposto, mas aposto o oposto, que vou cativar a todos sendo apenas um sujeito simples”, do meu crachá no fim do post), coreografias performáticas maravilhosas executadas pelas duas dançarinas da trupe, Katia Tortorella e Manoela Rangel, uma hora e meia de um show feliz, bem elaborado, bonito e animado, e saí do Teatro SESI no mínimo com a sensação de tapa na cara por ter ido com expectativas baixas a um show de tão alto nível, que arrisco a dizer, dão de dez a zero em muita banda famosa.
Ao finalizar do show, como é de costume em todos as apresentações, a trupe se reúne com os fãs para uma foto, que é postada, show por show, na página do Facebook da banda. Tive o prazer de posar para a foto do lado do frontman da banda, e rapidamente dizer que meu aniversário seria na semana seguinte (domingo, dia 26, anotem, quero presentes), e a alegria de ter sido ouvida e cumprimentada com o maior carinho. Após a apresentação, também, a banda se dispôs a tirar fotos com todos os fãs que quisessem, com tamanha simplicidade e empatia com seus fãs.

Foto pós-show. Eu sou a de camisa branca, à esquerda do vocalista da banda, Fernando Anitelli.
O mais interessante sobre esse show foi que entrei no Teatro SESI num sábado à noite com expectativas razoáveis, e acabei saindo com a certeza de que aquela havia sido uma das performances mais marcantes que já tive a chance de assistir. Não só pela música, tecnicamente falando, mas pela empatia, o amor que cada integrante da banda tem por cada fã, o quanto se esforçam em ouvi-los e interagir com eles, desejar feliz aniversário e ficar horas após o fim da apresentação por pura e espontânea vontade, simplesmente para bater fotos. É algo que não se vê em igual quantidade em bandas mais famosas. E esse é o diferencial d'O Teatro Mágico, da Terra Fantástica de Oz(asco). Não se trata simplesmente de músicos vestidos de palhaços, tocando um som diferente, mas sim toda a abordagem, todo o amor. É tudo numa coisa só, como diria Anitelli.

Não subestimem as bandas independentes. Elas podem te surpreender, assim como me surpreenderam.

PS: Para quem quiser conhecer o trabalho d'O Teatro Mágico, visitem o site oficial da banda.



Um comentário: